Distúrbios de Aprendizagem
Pesquisas mostram que, em países em
desenvolvimento cerca de 40% dos alunos de séries iniciais têm dificuldades de
aprendizagem. Destes, apenas 6% têm distúrbios de origem neurobiológica.
Em toda sala de aula, há crianças que aprendem com mais facilidade e
outros que têm dificuldade para acompanhar as lições. Ninguém está a salvo de
tirar notas baixas vez ou outra. Mas o que fazer quando os problemas são
persistentes? Há quem fique anos sem conseguir se adaptar ao ritmo das turmas
ou mesmo aprender o básico – ler e escrever. Pais e professores são os
primeiros a perceber sinais de que algo não vai bem. Porém, nem sempre
conseguem identificar as causas do problema.
Em geral, os professores não são preparados para perceber o que impede o
aprendizado, eles não são obrigados a fazer diagnósticos, até porque isso
depende da avaliação de diversos profissionais, como psicopedagogos,
fonoaudiólogos, neuropsicólogos, neurologistas, psiquiatras, entre outros. “Mas
ainda falta compreensão sobre o processo de aprendizado. Muitos professores não
conhecem nem o desenvolvimento normal das crianças. E só ensina bem quem sabe
como se aprende”.
No Brasil e em outros países em desenvolvimento, pesquisadores estimam
que de 40% a 42% dos alunos nas séries iniciais tenham dificuldades para
aprender. Destes, 4% a 6% têm transtornos de origem neurobiológica.
As dificuldades no aprendizado podem decorrer de falhas no método de
ensino e no ambiente escolar. Também podem pesar fatores relacionados à vida
familiar e a condições psicológicas da criança.
Nos transtornos ou distúrbios de aprendizagem, há problemas em áreas
específicas do cérebro. “Há uma característica de origem genética,
neurobiológica”. A criança nasce com uma falha de processamento. Não quer dizer que não vá aprender, ela vai, só que de uma forma diferente.
Quais são os principais transtornos
As pesquisas científicas sobre distúrbios de aprendizagem são
relativamente recentes – ganharam relevância a partir dos anos 1980. Ainda não
existem testes padronizados mundialmente para diagnosticá-los, embora haja
referências importantes. Com isso, é difícil encontrar crianças com diagnóstico
fechado de outros transtornos além dos mais conhecidos como dislexia e
Transtorno do Déficit de Atenção com Hiperatividade (TDAH) ou sem
Hiperatividade (TDA).
A dislexia é um distúrbio específico das operações relacionadas ao
reconhecimento das palavras. Os disléxicos têm dificuldade para identificar as
letras com precisão e velocidade e para formar as sílabas. Há diferentes graus
de comprometimento e os sintomas variam conforme a idade. Crianças em fase
escolar costumam sofrer para adquirir a habilidade de leitura e escrita e,
quando conseguem, fazem tudo num ritmo mais lento que os colegas. Para elas, é atividade
penosa copiar textos da lousa, escrever redações e fazer provas dissertativas.
Um adulto com dislexia apresenta falhas principalmente no hemisfério
esquerdo do cérebro e em regiões parietais – áreas responsáveis pelo
processamento da linguagem. Elas acabam sendo menos ativadas do que deveriam no
momento da leitura e da escrita. Com tratamento, o disléxico consegue aumentar
a ativação das regiões, mas nunca da mesma maneira que uma pessoa sem o
transtorno.
O TDAH e TDA não são definidos, necessariamente, como transtornos
de aprendizagem, mas, por afetar a atenção e concentração – aspectos essenciais
para os estudos – geralmente causam dificuldades. Além disso, é comum a
coexistência de distúrbios, entre uma pessoa com algum grau de agitação e uma
desatenta e hiperativa. “Passa a ser problema de saúde quando traz prejuízos na
vida do indivíduo.” A criança com o transtorno tem sintomas persistentes em
diversos ambientes – na escola, com a família e os amigos. Está praticamente
todo tempo em movimento e sofre para se focar em apenas uma atividade.
Uma criança com discalculia é aquele incapaz de aprender
matemática. Não se trata de dificuldades pontuais em algumas séries em que a
disciplina fica mais exigente, mas da impossibilidade de aprender conceitos
básicos. “A criança com o transtorno pensa em outra lógica e não consegue, por
exemplo, transformar quantidades em números ou entender que a sequência
numérica é da esquerda para a direita”. Estudos com ressonância mostram que, no
cérebro das crianças com discalculia, há menor ativação nas regiões pré-frontal
e parietal durante as tarefas de cálculo.
As disgrafias são os transtornos relacionados à escrita. São
causados por falhas em áreas do cérebro responsáveis pela parte motora fina
(lobo frontal). As pessoas com dificuldades nesse campo não conseguem controlar
plenamente pequenos músculos em suas mãos. Os problemas da escrita atrapalham a
comunicação e exigem muito esforço dos estudantes, que, por vezes, ficam com
pouca energia para prestar atenção no conteúdo do texto. “Normalmente, o
computador é um grande aliado no tratamento dessas crianças”.
O transtorno não verbal (Tanv) é um tipo raro de distúrbio e está
ligado a procedimentos de estudos. O Tanv afeta principalmente a coordenação
motora, a percepção sensorial e espacial e as habilidades sociais. Alguns dos
sintomas são semelhantes aos de crianças com autismo e síndrome de Asperger.
Elas costumam ter poucos amigos, fazem interpretação literal de eventos e
mantêm conversas fora de contexto. Também têm dificuldades para analisar,
organizar e sintetizar as informações.
Todos os especialistas deixam claro que nenhuma criança com dificuldades
de aprender ou distúrbios, tem inteligência abaixo do normal.
Elas precisam apenas de outras
estratégias e, muitas vezes, de atendimento especializado para avançar nos
estudos. “Quando não conseguem aprender, as crianças sofrem”. E são chamadas de
desinteressadas, preguiçosas. “Elas precisam de atenção, métodos de ensino
adequados, estímulos positivos e que alguém mostre a elas o que fazem bem, não
apenas no que vão mal”.
Parabéns!!!!
ResponderExcluirParabéns!!!!
ResponderExcluirObrigada!!!!
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